quarta-feira, 29 de setembro de 2010

É ver e abrir a torneirinha

Tudo bem, vai ver tem a ver com os hormônios em fúria pós-parto. Não, não... pensando bem, o fenômeno acontece desde que vi o filme no cinema, numa tarde chuvosa, sozinha - e abri as comportas do chororô assim que Meryl começou a cantar "Slipping Through My Fingers" em "Mamma Mia". E olha que isso se repete toda santa vez que revejo a cena, incrível.

Acontece que a música do ABBA toca fundo esse coração que, todo dia, pensa nas meninas crescendo. Uma era bebê ainda outro dia, e agora já sobe pra sala de aula sozinha, mochila e lancheira a tiracolo, dando um beijo corrido pela pressa de ir mostrar a lição de casa pra professora. A outra, tudo bem, só contabiliza 10 dias. E levante a mão quem acredita que a mamãe aqui já sofre pensando no dia em que ela também vai estar subindo pra escola sem saudades do meu colinho! Isso pra não falar sobre a ida de cada uma pra faculdade, o primeiro passeio solo guiando o carro, o primeiro namoradinho, o dia em que mudarem de casa...

Quem clicar ali pra ver o video e sentir uma pontada no peito e uma enchente nos olhos é do meu time. Quem não... esperem só até seus bebês nascerem e irem crescendo, daí vocês me dizem!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Olívia

Pois não é que ela chegou mesmo? O barrigão enorme e os chutes nas costelas eram um bom indício, claro - mas agora Olívia é de verdade, aqui nos braços, cabeluda como um padeiro português e linda como... como... como só ela mesma poderia ser, essa coisinha doce!

O blog poderá ficar um pouquinho sem mediadora esses dias, gente, já que os 2,875 kg da minha nova boneca demandam muitos cuidados. Mas volto assim que der pra babar informações de mãe coruja.

Fotos, ainda não consegui baixar (eu mal consigo ME abaixar!). Assim que possível, no entanto, venho aqui e mostro a belezura da irmã da Sabrina (que, por sinal, está mais feliz e orgulhosa da caçula que todos nós!).

Abraços recém-nascidos pra esse mundão!

Flá

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cut the crap

Teve um tempo em que eu acordava já afobada. Saltava da cama como uma Daiane dos Santos em boa fase, estrelando pela casa para arrumar bagunças, varrer chão, guardar pratos, caçar roupas perdidas. Daí corria cuidar da criança, daí corria mandar uns e-mails, daí corria no mercado, daí corria fazer meia dúzia de telefonemas, daí corria escrever um texto, daí corria... Olha, era muita correria. Ao meio-dia, eu já estava querendo colocar pijama e ir dormir de novo, tamanho o cansaço.

E vocês sabem o que acontece com quem pira assim e fica nesse bagaço, né? Xinga, chora, reclama, torna-se um porre de gim tônica em baile de carnaval. Ou seja: teve um tempo em que eu fazia coisas demais e depois ficava uma chata, culpando o mundo. Mas não era culpa do mundo.

Fui eu quem quis não ter empregada nem babá nem nada semelhante. Fui eu quem quis voltar a costurar, estudar francês, ter um site, trabalhar por conta, cuidar da Sabrina - e, com tudo isso, ainda queria ser aquela amiga sempre a postos, aquela pessoa com quem se pode contar a qualquer hora do dia ou da noite pra conversar, passear, almoçar, jantar, farrear e que sempre, sempre dizia "claro que eu faço, pra ontem!".

Percebi, com muito custo, que entrevistar pessoas no telefone enquanto virava a omelete e entreteninha a bebê no carrinho não dava certo. A pessoa ao telefone me irritava; a omelete ressecava; a criança notava. Tudo acabava saindo, mas saía meia-boca - o que me deixava ainda mais frustrada, cansada e nervosa. Caiu a ficha de que era preciso cortar. Cortar, cortar, cortar! Palavra de ordem: cortar.

Cortei as obrigações que eram idiotas e não levavam a nada. Cortei a onda da auto-faxina e da mão-de-vaquice e chamei a Lucy pra ajudar com limpeza pesada a cada 15 dias. Cortei umas amizades que já não eram amizades há muito tempo, só pareciam. Cortei mais umas duas ou três coisas e ganhei um tempo enorme, usado pra brincar de maquiadora ou recorte e colagem, pra trabalhar concentrada, pra dormir relaxada, pra papear com prazer.

E daí é só olhar pra trás, hoje, e ver que a maioria dos problemas eu só ACHAVA que tinha. Tinha nada. Não era preciso manter perfil atualizado em rede social. Não era preciso estar sempre disponível, e quem me amava de verdade entendeu rápido. Não necessitava afofar as almofadas a cada meia hora e nem me dispor a fazer 50% mais trabalho pra confiarem no meu taco. Meu taco é como é e só trabalha pelo que recebe agora. Ok, essa frase ficou meio estranha... Mas é isso.

Aprendi a fazer compras de mercado online quando a agenda aperta - e se faltar banana por um dia, ninguém vai morrer de inanição por isso. Aprendi a não atender o telefone quando estou no banheiro, e se for urgente ligarão de novo. Aprendi também a pedir mais ajuda e não me martirizar como uma Scarlett O'Hara dos pobres, sempre dizendo "deixa que eu resolvo". Agora eu digo um pouco mais "se vira, malandro". É gostoso!

Fiquei menos chata, acho. E não fiquei culpada, não, acreditando arrogantemente que o mundo vai desabar se eu não acordar afobada. Cortei muita coisa e foi bom. Recomendo a todos.


Quando eu não posso camelar pelo mercado, o moço entrega aqui. Abaixo a martirização, viva o tempo livre!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Galeria caseira

Acho que desde que o mundo é mundo as geladeiras de uma casa de família viram display para a arte infantil. Ok, talvez não desde que o mundo é mundo, mas desde a invenção do refrigerador em 1875, com certeza.

O fato é que, sabe-se lá por que, se torna um ato natural pendurar naquela chapa metálica tudo o que se refere às crianças. Deve ser genético, uma coisa que é lançada no sangue assim que o bebê coloca a cara pra fora da barriga da mamãe.

Quando a gente não tem filhos, o espaço fica dividido entre as listas de compras, as fotos da turma de amigos e um ou outro imã promocional de disque-pizza. Depois da chegada dos rebentos... bem, só dá eles na geladeira.

Começa com uma foto do pequenino tomando banho com o pirulito pra fora, pra avexá-lo bastante na frente de todo mundo (sem a possibilidade dele se defender, por sinal). Daí vêm mais e mais imagens, o primeiro rabisco de giz de cera num papel, outros trabalhinhos da escola com outros rabiscos sem razão, canetinha e às vezes até glitter e areia colada (pra ajudar a destruição natural da geladeira bonita).

Quando vemos, aquilo virou um sem-número de sulfites decorados cobrindo cada milímetro do pobre eletrodoméstico. E que delícia olhá-los... As garatujas vão se transformando em rostos, casas, bichos, árvores, ganham cores mais sofisticadas e até umas tentativas de frasear. A evolução psico-social de um ser humano pode ser toda acompanhada pelos desenhos grudados na geladeira!

Pode não ficar muito lindo de se ver, nada assim muito "Casa Claudia". Mas depois que o gene da "mãe com orgulho do filhote artista" se manifesta, eu não sei se dá pra voltar atrás. Talvez um dia aconteça - e os desenhos e trabalhinhos dêem lugar aos bilhetes mal-criados sobre arrumar o quarto e comprar mais pão. Até lá, o espaço é da galeria infantil, a mais linda expressão de arte. Pelo menos na opinião da mamãe.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vem, senta aqui

Parecia algo bem óbvio, mas precisaram colocar uma lei na parada. Era lógico que, ao levar crianças pequenas dentro do carro, uma cadeirinha (ou bebê-conforto, ou assento elevatório) seria uma boa ideia. Mas aí sempre tem aqueles que, como diz meu pai, se fazem de migué... E toca tornar lei. E toca falar do assunto como se ele fosse, uau!, uma super descoberta recente.

Como o tópico já é tão esmiuçado em jornais, telejornais, revistas e conversas de boteco, nem acho que preciso puxar o lado jornalístico nesse textinho. Só me ocorrem poucas coisas (e se te ocorrerem outras, basta explicitar ali nos comentários que a gente debate sobre isso):

- Primeiro me ocorre que, por mais eu ache o assunto exageradamente levantado, parece sempre é válido dizer mais. Não fosse isso, ficaria sem resposta o moço que mandou uma pergunta pro rádio questionando "mas se em vez de usar o assento elevatório eu colocar uma almofada pro meu filho sentar em cima, não é a mesmo coisa?". O locutor foi até que polido, porque eu acho que cairia na gargalhada sem fim! Põe lá a almofada sim, meu amigo, "faz o mesmíssimo efeito"! Depois do acidente, a mesma ainda poderá ser usada pra deitar a consciência pesada...

- Metade das matérias que se vê falam sobre "a dificuldade do consumidor em encontrar cadeirinhas pra comprar". Bom, seria até pauta se estivessem lá em Conceição do Bonsucesso Mirim, mas a reportagem está sempre dizendo isso no centro de São Paulo. Em toda loja do ramo que eu vou, vejo as cadeirinhas lá, perfiladas. Só se estiver em falta uma cadeirinha feita de papelão e com selo do Inmetro que custe 12 mangos - porque as de verdade, que infelizmente custam o olho da cara, essas estão bem disponíveis. Claro: se só servir o modelo rosinha de bolinha e estrelinha que sua princesinha merece, aí pode ser que não tenha mesmo. Mas eu acho que cadeira azul-marinho segura qualquer gênero de criança, e é isso que interessa.

- Depois que a lei entrou em vigor, semana passada, se faz tanto fuá-jornalístico sobre a obrigatoriedade que, dizem, foi isso que levou à corrida de pais para comprar o produto e à falta dele. Mas eu me pergunto... onde essa turma toda levava a molecada antes, hein?? Amarrados no bagageiro? Dentro de caixas no porta-malas? Atados na coleira, socados no porta-luvas? Ah, bem, talvez em cima de almofadas... Tenho até medo de saber. Melhor, então, que venha a lei mesmo.


Equipamento de segurança? Onde??