sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um filme para degustar


“Julie & Julia” é diversão pura para quem aprecia tanto o cinema quanto as panelas – e a história de gente que também amou muito a cozinha e seus ideais

O conjunto de museus Smithsonian, em Washington, capital norte-americana, tem artefatos do mundo todo, com diversas civilizações e tempos históricos em exposição. No museu especifico dedicado à história dos Estados Unidos, uma cozinha completa se destaca. É a cozinha de Julia Child. Mas o que os apetrechos culinários, bancadas, assadeiras e aparelhos domésticos de uma senhora estariam fazendo ali? Bem, é que Julia Child faz, sim, parte da História – da História da Culinária, essencialmente.

Julia Child (1912-2004) foi uma culinarista, uma chef, uma hostess excepcional e até uma filósofa da cozinha. Julia é considerada a mulher que trouxe hábitos e técnicas da gastronomia francesa para os Estados Unidos nos anos 1960, influenciando um pouco os hábitos alimentares dos norte-americanos. Tudo porque ela foi morar com o marido na França entre os anos de 1948 e 1954 – e lá se apaixonou pelo modo de vida local, os franceses, seu ritmo, seus ingredientes, seus ideais.

Apesar de não falar francês ou ser grande conhecedora de cozinha, Julia Child decidiu estudar culinária no famoso instituto Le Cordon Bleu. De volta aos EUA, ela levou todo o aprendizado consigo na bagagem e distribuiu aos americanos em livros e programas de televisão, nos quais ela ensinava receitas, técnicas apuradíssimas, maneiras de receber bem os convidados. Um dos livros dela, “My Life in France”, foi a metade da receita para o filme que está sendo lançado esta semana nos cinemas, “Julie & Julia”. A outra metade foi o delicioso “Julie & Julia: 365 Dias, 524 Receitas e Uma Cozinha Apertada”.

Esse foi escrito por Julie Powell, também norte-americana – mas, ao contrário de Julia Child, uma pessoa quase nada interessante. Avançando na casa dos 30, tendo um emprego chato, morando num cubículo com o marido e quase sem nenhuma perspectiva, Julie estava em crise. Até que ela encontrou um livro de Julia Child. E Julie decidiu arregaçar as mangas e se lançar num projeto especial – fazer as 524 receitas de Julia em um ano, contanto todos os detalhes em um blog (lançado em 2003 e chamado “The Julie/Julia Project”).

Então, é fácil adivinhar: o divertido blog, no qual Julie Powell se digladiava com frangos, molhos, ossos e lagostas, se tornou um sucesso. Da internet, passou para uma versão impressa (que se tornou best-seller e recebeu diversos prêmios). Das prateleiras, passou ao cinema, sendo lançado agora com Meryl Streep no papel de Julia Child e Amy Adams como Julie Powell.

Assim como os livros de Julie e Julia, o filme “Julie & Julia” é uma delícia. A interpretação de Meryl Streep, como sempre, é quase uma incorporação (com direito a todo o jeito engraçado que Julia Child tinha de falar). Pelo trabalho, aliás, a atriz recebeu um diploma honorário do Cordon Bleu, assim como a diretora de “Julie & Julia”, Norah Ephron, como reconhecimento. E, se não fosse por nada mais, o filme já seria um “must-see” para todos que apreciam a culinária, sua história e sua mensagem principal – a ideia de ser maravilhoso ter um projeto de vida que mostre amor e carinho na forma de batatas, ovos, leite e muita manteiga.

* * *


Escrevi o texto acima como uma reportagem/resenha para o portal onde presto serviço, mas como apenas trechos foram ao ar por lá, decidi botar aqui na íntegra. Para jornalistas abusadas, blog serve pra isso.

6 comentários:

Thais disse...

Amei..se pudesse saia daqui agora mesmo e iria ao cinema ver o filme!

Anônimo disse...

Quero mto ver este filme! To esperando pelo lançamento há um bom tempo e não podia pedir mais, cinema e comida junto em um mesmo programa? O problema é que tem de ir de pança cheia, senão... terei de dar uma escapulida, e ficar pobre com docinhos meia boca vendidos no cinema. Hahaha!

Flá disse...

Não sei se precisa ir de pança tão cheia, Paulinha. Como eu li o livro, fico lembrando mais das receitas em que a pobre Julie precisava fazer aspic, uma nojeira feita ao raspar um osso até conseguir gelatina. Isso vai ficar mais na minha memória do que as delícias que possam aparecer. :-D

Giometti disse...

Pegaram o DNA da Meryl Streep e clonaram em qtas partes??

Nanael Soubaim disse...

Mamma Flávia, sei muito bem o que lhe subiu o sangue, e o que teria acontecido não fosse este blog. Salvo por ser curto (gosto de catatais) não há o que repreender neste texto. Continue sendo abusada, e se precisar de uma horda para invadir o QG do web master do portal, ofereço minha cabeça dura como ariete.
Se eu conseguir quebrar o jejum, verei este filme, se for tão saboroso quanto o texto terei gasto bem meu dinheiro. Mas colocar a Meryl Streep é covardia, essa mulher deveria ser proibida de concorrer ao Oscar, já não tem graça nenhuma.

Sócia da Light disse...

Ô, Nanael, obrigada!! Sabes como eu fico quando elogiam o texto - e quaaase como eu fico quando elogiam a filha. :-]
Vá ver o filme, sim. Meryl não é gente, é um andróide programado pra impressionar! rs.