sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Que 2010 seja uma estrada cheia de aventuras!


E nós esperamos que vocês tenham todos um ótimo Natal, um Ano Novo incrível - e que agora façam como nós aqui e coloquem o burro na sombra até 4 de janeiro de 2010!

Só não esqueçam de maneirar na bebida, de usar protetor solar e de vestir uma blusinha que o sereno não é brincadeira, hein? E apaguem a luz quando saírem do recinto, poxavida... ;-]

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Com razão

Sabrina e eu vendo o final de um jogo de futebol na televisão:

- Mãe, o meu amigo Tiago torce pro São Paulo que nem a gente, sabia? Aí eu pensei assim: um dia a gente pode convidar o Tiago pra ir no estábulo de futebol com a gente!

Eu ia corrigir, mas me limitei a dizer "... ótima ideia, filha!". Por que o estádio é superlegal de visitar, mas às vezes entra mesmo em campo um bando de burro e cavalo. Sasá tem toda razão quanto ao "estábulo de futebol".

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Marcas do passado

Engraçado como existem umas coisas que ficam marcadas na nossa memória infantil mesmo sem fazer parte do mundo de uma criança. Três itens de adultos, todos pertencentes à minha mãe, por exemplo, sempre vão me lembrar daqueles tempos e dela - mesmo eu tendo mais 34 anos de lembranças dessa doçura de mulher.

Minha mãe não era perua de sociedade, era uma professora trabalhadeira que carregava dois turnos de aulas pra amealhar um salário. Mas a minha mãe sempre teve classe. É diferente, sabe, ser fino e ter classe. Fino a gente fica gastando dinheiros em lojas e montando um visual. Classe nasce conosco. Nasceu com a minha mãe. Daí ela ser dona dos três objetos que tanto ficaram marcados pra mim, desde a infância, como coisa bem chique e de desejo.

Quando ela ia sair com o meu pai pra um evento de trabalho, jantar com amigos ou um casamento, ela lançava mão do seu perfume predileto. O frasco de Opium da minha mãe deve ter durado, sei lá, uns mil anos... E daí o cheiro de especiarias daquele vidro sempre, sempre ter ficado impregnado na minha mente como "cheiro de balada".

Nessas ocasiões, ela às vezes também usava uma tecnologia avançadíssima: o babyliss. Naquele tempo não se chamava assim, era só um secador modelador de cachos mesmo. Mas eu sonhava tanto usá-lo, viu. Confissão: um dia roubei do armário dela e, às escondidas, liguei e tentei enrolar um chumaço de cabelo. Fritei a orelha no primeiro movimento e levei um baita esporro. Mesmo assim, o secador fininho sempre ficou na minha mente como algo especialíssimo, típico da minha mãe.

A última lembrança é o topázio. Minha mãe ganhou há milhares de anos, do meu pai, essa linda pedrona preciosa do tamanho de uma azeitona gorda. Não tinha corrente acoplada nem nada. Era só um pingente, a pedra segura pelo metal e uma argolinha. Eu sonhava com o tesouro amarelo como se fosse uma bucaneira. Quando ela abria o armário e tirava as preciosidades, eu voava direto na caixa onde estava o topázio pra "ver com a mão".

Nunca usei Opium e nem fiz cachos nos cabelos com babyliss. Mas na minha formatura de colégio, a minha mãe me emprestou o topázio - e eu o costurei em uma fita preta e usei no pescoço, parecendo uma dessas estrelas de novela mexicana (chamada... "Topázio", talvez?). Ficou lindo. E a memória de criança dos objetos de gente grande nunca mais me fugiu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sobre porcos e loucas

Não é que eu seja uma dessas insanas taradas por limpeza. Eu lavo louça e passo paninho na pia até não restar um pires sujo ou uma gota d'água fora de lugar, é verdade. E de fato adoro tirar os mantimentos da prateleira, limpá-la e reorganizar tudo. E surtei de alegria ao comprar um aspirador portátil (daqueles compactos, próprios pra catar qualquer migalha, lindos, fofos... sabem?). Tudo bem, eu posso ser meio doidinha por limpeza, mas ainda me considero na média. Gente, eu conheço umas fulanas que colocam pano de chão pra lavar na máquina... e passam todos a ferro depois. Essas, sim, são as loucas da limpeza.

Por outro lado, é melhor ser "a pirada do X-14" ou membro daquela turma que pula por cima das roupas sujas e da poeira? Porque essa galera existe. Eles costumam achar que faxina é uma puta coisa chata e pode ficar pra amanhã - todo dia. Logo a casa está possuída por pó grosso e preto, a pia é um depósito de dejetos e a geladeira cheira a necrotério. Sejamos justos aqui: em geral, essa banda da população é composta, na grande maioria, por homens.

De acordo com os clichês da vida, é assim mesmo: mulher é tudo doida por limpeza; homem é tudo porco. Elas ficam areando panelas, enquanto eles acham isso uma perda de tempo sem nexo. Elas querem a cama bem feita; eles acham isso ridículo - porque de noite não vai ficar tudo zoado de novo, pô? Elas preferem uma sala em ordem; eles preferem uma sala animada (leia-se: uma sala com o Playstation e seus fios dominando a paisagem).

Eu fico pensando que nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É bom ter a casa cheirando gostoso, a roupa bem dobrada e o banheiro imaculado. Não é bom, porém, gastar todas as horas livres com isso, deixando o restante da família no limite da paciência porque, bem, "sábado-é-dia-de-lavar-a-garagem-e-prontoooo"!

Mas me digam vocês: mulher é tudo louca por limpeza ou homem é tudo porco? Existe (ou deveria existir) um saudável meio-termo? Eu e meus paninhos ativos, porém não passados a ferro, aguardamos resposta.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A vovó 90 é nota 100


Eu só espero chegar nessa idade do mesmo jeito que ela: com a mesma tranquilidade, o bom humor ácido, a cabeça ligada no 220V, mão boa pra costura e melhor ainda pro nhoque, o semblante de quem acha que valeu a pena.

Minha querida Emília, cheia de marra, fez 90 anos em uma festança daquelas fortes. Festança forte de vovó de 90 anos, vocês conhecem?

Tem comidas fáceis de mastigar, tem espumante quase infantil, tem os primos que só se veem uma vez por ano e os tios que vieram do interior e te assolam com apertões na bochecha e a infalível pergunta "você é filha de quem mesmo, lindá?". E quando você responde "do Luiz, tia", quase berrando pra ser ouvida, o efeito é inócuo. E ela lá é capaz de lembrar quem é o Luiz, pô?

Teve o momento das fotos, com um entra e sai de cena comparável somente a uma apresentação pública de Shakespeare - dado o número de personagens ser superior a cinco dezenas. Vó aboletada na cadeira, entraram os filhos e filhas (6); as noras e genros (4); netos e netas (12); netos e netas agregados (10); bisnetos e bisnetas (7); agregados de verdade (um monte).

Teve o momento do jantar, com massas de buffet que não faziam jus ao talento da minha vó, mas valeram pelas brincadeiras na fila (velhinhos não tiveram preferência, porque senão estaríamos lá até agora).

Teve o brinde zoado, o bolo com a vela que incendiou, as crianças brincando no palco, a molecada que chegou depois do Enem, a molecada que não chegou, as fofocas, as risadas... E a Emília curtiu cada momento. Espero que ela tenha feito uma rápida retrospectiva e concluído mesmo que tudo valeu a pena. Ser neta dela, pra mim, vale tudo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Limpa-trilho

Quando eu era pequenininha, não tinha muita crise pra comida, não. A bem da verdade, existem umas quatro ou cinco fotos em poder da minha mãe que comprovam: limpar o prato - com as mãos, com a cara, sorvendo o macarrão loucamente e ficando com pinta de Bozo - era comigo mesma. Mas é claro, sempre tem isso ou aquilo que não desce.

Abobrinha, por exemplo, não descia. Achava verde demais. Detestava lentilha, torcia bastante o beiço pra cebola e grão-de-bico e tinha uma baita náusea de ovo mole. Pêra também não queria, assim como aquela estranha maçã farelenta. E era perda de tempo vir com bifes de fígado, pimentão ou comida com salsinhas e cebolinhas picadas muito grande.

Felizmente, a gente cresce e a maioria das torcidas de nariz vai-se embora. Abobrinha, por exemplo, é hoje meu nome do meio. E amo lentilha, principalmente como sopa. Cebola? Crua, cozida, assada no churrasco, me manda! Ok, o ovo pode estar com gema mole, mas clara dura. E o fígado, o pimentão e os verdinhos aparentes... Bom, isso é só o que eu continuo passando, muito obrigada.

Acho que grande parte das frescuras vai embora porque a gente entende que, ferrou, o mundo tem hoje 6 bilhões de pessoas. Numa boa, não vai ter comida pra todo mundo por muito mais tempo. Se começarmos a selecionar demais, seremos os primeiros a ser abatidos em praça pública. Melhor rapar logo o prato, com a cebola que for, e seguir andando.

Há poucos dias, me peguei inclusive passando de fase: pela primeira vez, fiz sozinha grão-de-bico! Eu já tinha notado que era gostoso, mas era um prato que eu deixava pra minha irmã ou minha mãe fazerem nos eventos familiares. Numa boa, é trabalho escravo ficar lá tirando pelinha de grãos com cor de parede, fazfavor... Pois me imbui da coragem, comprei o saquinho, pus de molho de 2 a 3 horas, cozinhei na pressão por 15 minutos e fiquei retirando as tais pelinhas por uns 1.547 anos.

Feito salada, com tomate picado e temperos, ficou delícia! Recomendo rever as frescuras de infância. Com o tempo, a gente melhora de gosto. E o grão-de-bico também.



Trabalho escravo bem gostoso


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O tempo perdido não volta. Porra.

Eu até que gosto de perder umas horas. Pode ser até na frente da TV assistindo qualquer genialidade criada, digamos, pelo canal E!. Sério mesmo: eu prefiro ver "Os 100 Corpos Mais Sarados de Hollywood" do que lidar com qualquer prestador de serviço. Porque isso sim é tempo perdido.

Você combina hora com o moço da tapeçaria que vem ver - quiçá reencapar - a poltrona que já está parecendo uma pintura abstrata, dado o número de manchas. Hora marcada: 18h. Hora que o interfone toca avisando a chegada do homem: 21h15. Amigo: às 21h15 eu não abro a porta nem pra minha mãe.

Aí a conta da internet vem astronômica. Ligo pra reclamar e a moça me garante que o valor é aquele mesmo. Eu tento dizer pra ela que nem se eu baixasse a discografia dos Beatles diariamente seria capaz de gastar aquele tanto. Ela debate por 40 minutos, é mal-criada, é ranheta, parece que perdeu a boa-vontade lá em 1998. Nada feito.

Aí o banco cobra R$ 5,45 por um talão de cheques que eu nem pedi, nem recebi. E pra convencê-los disso? Cinco ligações pra cinco moças diferentes que garantem não poder fazer nada (nem querer, aparentemente).

Aí o feijão estava mofado e o SAC não atende. Aí o chaveiro diz que vem, mas não vem. Aí outra tentativa pros sacanas da internet. Aí a gente se sente meio molestado enquanto cliente, né?

E eu fico pensando: pode ser uma companhia imensa com milhões de funcionários, uma companhia pública com milhares de encostados, uma lojinha armada no quintal... Não importa. É normal visar o lucro, mas é totalmente anormal visar um cliente satisfeito, feliz mesmo, que se sente amparado e confortável para indicar aquele serviço para outros, gerando, assim, os tais lucros.

E eu fico pensando mais ainda: se eu administrasse a minha casa como essa turma administra seus negócios, teríamos a qualidade de vida do canal E!.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

É de pequenino que se dá o livro


Conforme prometido, segue uma listinha de sugestões para presentear as crianças no Natal. São os preferidos da Sabrina, escolhidos por ela para gente de 3 a 333 anos. Começamos com apenas cinco selecionados, mas eram tantas boas pedidas que achamos justo condensar o texto e aumentar os itens. Todos ficam na casa das vinte e poucas lascas – e valem um mundo todo de dinheiro.

O Grúfalo, de Julia Donaldson e Axel Scheffler, Brinque Book
É todo rimado – e rima tão bem em português quanto em inglês. E tem uma seqüência, “O Filho do Grúfalo”, que é igualmente doce e misteriosa, bem sacada e engraçadinha.

Um Porco Vem Morar Aqui!, de Claudia Fries, Brinque Book
Uma aula completa sobre tolerância e sobre banir o preconceito das nossas vidas (encenada por porcos, galinhas, burros e raposas). O pessoal lá da Uniban deveria incluir no currículo.

O Homem que Amava Caixas, de Stephen Michael King, Brinque Book
Cuidado para não começar a ler pra criança e terminar em prantos, decidido a mudar toda a sua vida. O que, aliás, pode ser uma boa ideia.

Marcelo, Marmelo, Martelo, de Ruth Rocha, Ed. Salamandra
Precisa dizer? O maior clássico da literatura infantil brasileira na nossa opinião aqui. E pensar que tem criança que nem conhece, que pena... São três histórias no mesmo volume, o que além de tudo amplia o custo/benefício (e eu e Sasá passamos mal de amar “Teresinha e Gabriela”).

Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque e Ziraldo, Ed. José Olympio
Uma obra-prima de texto e arte, uma bíblia para consultar toda vez que pintar medo de lobo, de escuro, de gente estranha, da escola, do salário mensal, do gerente do banco...

Morcego Bobo, de Jeanne Willis e Tony Ross, Ed. Martins Fontes
As crianças precisam muito aprender a enxergar a vida por outros ângulos. Essa é a mensagem do morcego que ficava virado de cabeça pra baixo. Ei, muito adulto vai se reconhecer ali!

Diferente como Chanel, de Elizabeth Matthews, Cosac Naify
A história de Gabrielle, ícone da moda, do feminismo, das belezas da vida, contada de um jeito resumido pra meninada saber que tal é sair da maior fossa e conquistar o mundo.

Quando Mamãe Virou um Monstro, de Joanna Harrison, Brinque Book
Taí um jeito bom de ilustrar o que acontece com as mães de vez em quando – e um jeito soberbo de promover o entendimento entre os pestinhas e as tresloucadas.

O Pote Vazio, de Demi, Ed. Martins Fontes
É uma história tão linda e tocante que vale como presente para qualquer um que considere dizer a verdade um grande talento.

Belinda, a Bailarina, de Amy Young, Ed. Atica
Cancele a porcaria da assinatura da Claudia, Nova, Gloss, Boa Forma e esse troço todo e compre pra sua filha o livro da Belinda, a bailarina com pés de sasquatch. E aí você vai formar uma mulher muito melhor – ou duas.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um filme para degustar


“Julie & Julia” é diversão pura para quem aprecia tanto o cinema quanto as panelas – e a história de gente que também amou muito a cozinha e seus ideais

O conjunto de museus Smithsonian, em Washington, capital norte-americana, tem artefatos do mundo todo, com diversas civilizações e tempos históricos em exposição. No museu especifico dedicado à história dos Estados Unidos, uma cozinha completa se destaca. É a cozinha de Julia Child. Mas o que os apetrechos culinários, bancadas, assadeiras e aparelhos domésticos de uma senhora estariam fazendo ali? Bem, é que Julia Child faz, sim, parte da História – da História da Culinária, essencialmente.

Julia Child (1912-2004) foi uma culinarista, uma chef, uma hostess excepcional e até uma filósofa da cozinha. Julia é considerada a mulher que trouxe hábitos e técnicas da gastronomia francesa para os Estados Unidos nos anos 1960, influenciando um pouco os hábitos alimentares dos norte-americanos. Tudo porque ela foi morar com o marido na França entre os anos de 1948 e 1954 – e lá se apaixonou pelo modo de vida local, os franceses, seu ritmo, seus ingredientes, seus ideais.

Apesar de não falar francês ou ser grande conhecedora de cozinha, Julia Child decidiu estudar culinária no famoso instituto Le Cordon Bleu. De volta aos EUA, ela levou todo o aprendizado consigo na bagagem e distribuiu aos americanos em livros e programas de televisão, nos quais ela ensinava receitas, técnicas apuradíssimas, maneiras de receber bem os convidados. Um dos livros dela, “My Life in France”, foi a metade da receita para o filme que está sendo lançado esta semana nos cinemas, “Julie & Julia”. A outra metade foi o delicioso “Julie & Julia: 365 Dias, 524 Receitas e Uma Cozinha Apertada”.

Esse foi escrito por Julie Powell, também norte-americana – mas, ao contrário de Julia Child, uma pessoa quase nada interessante. Avançando na casa dos 30, tendo um emprego chato, morando num cubículo com o marido e quase sem nenhuma perspectiva, Julie estava em crise. Até que ela encontrou um livro de Julia Child. E Julie decidiu arregaçar as mangas e se lançar num projeto especial – fazer as 524 receitas de Julia em um ano, contanto todos os detalhes em um blog (lançado em 2003 e chamado “The Julie/Julia Project”).

Então, é fácil adivinhar: o divertido blog, no qual Julie Powell se digladiava com frangos, molhos, ossos e lagostas, se tornou um sucesso. Da internet, passou para uma versão impressa (que se tornou best-seller e recebeu diversos prêmios). Das prateleiras, passou ao cinema, sendo lançado agora com Meryl Streep no papel de Julia Child e Amy Adams como Julie Powell.

Assim como os livros de Julie e Julia, o filme “Julie & Julia” é uma delícia. A interpretação de Meryl Streep, como sempre, é quase uma incorporação (com direito a todo o jeito engraçado que Julia Child tinha de falar). Pelo trabalho, aliás, a atriz recebeu um diploma honorário do Cordon Bleu, assim como a diretora de “Julie & Julia”, Norah Ephron, como reconhecimento. E, se não fosse por nada mais, o filme já seria um “must-see” para todos que apreciam a culinária, sua história e sua mensagem principal – a ideia de ser maravilhoso ter um projeto de vida que mostre amor e carinho na forma de batatas, ovos, leite e muita manteiga.

* * *


Escrevi o texto acima como uma reportagem/resenha para o portal onde presto serviço, mas como apenas trechos foram ao ar por lá, decidi botar aqui na íntegra. Para jornalistas abusadas, blog serve pra isso.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quando chega a hora

Pois a vida mesmo é capaz de nos dar uns toques quando chega a hora de encarar as tarefas de casa...

- Quando a geladeira só contém meia cebola e a garrafa de água, é hora de fazer compras no mercado.

- Quando só sobrou a calcinha com o Ursinho Puff impresso no traseiro dentro da gaveta, é hora de lavar roupa.

- Quando a colher de sorvete começa a ser usada pra passar manteiga no pão, deve ser hora de lavar a louça acumulada na pia.

- Quando o aspirador começa a deixar um rastro de pó em vez de sugá-lo, é hora de trocar aquele saco nojento.

- Quando o carro morre no cruzamento de duas grandes avenidas e leva umas quatro tentativas para pegar de novo, é hora da revisão.

- Quando até a espada-de-são-jorge já murchou... bom, aí quer dizer que a hora de regar as plantas já passou faz tempo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Estante completa

Tudo bem, eu confesso que sou bem murrinha para dar presentes pra Sabrina. Regulo mesmo. Não no valor, exatamente, mas sim na quantidade. Dá uma certa abominação ver essas crianças que ganham brinquedos dia sim, dia também. Ah, gente, no meu tempo, brinquedo era coisa pra aniversário, Natal, Dia das Crianças (menos pro meu vizinho da frente, que fazia aniversário justo no Natal e ganhava um pacote só, coitadinho do desgraçado...).

Pode haver uma recaída aqui, outra ali, mas até que eu e o Dono da Casa tentamos manter uma linha de dar presente-brinquedo só nos dias especiais. Por outro lado, eu e o Dono da Casa temos nossos pontos fracos – e eles se chamam filmes e livros.

Sabrina não ganha sacolas e mais sacolas de lojas de brinquedos, mas arremata fácil pacotinhos finos em livrarias. A estante da biblioteca do escritório não comportou a seção “Livros da Sasá” e os volumes tiveram que migrar pra um espaço bem maior (o antigo trocador da antiga bebê). Os DVDs, então... Digamos que se ela tiver visão de futuro e passar a emprestar para os amigos mediante modesto aluguel, fará a mensalidade da escola por conta própria.

É que livros e filmes são como brinquedos, só que melhores. Primeiro, porque não enjoam nunca e serão legais hoje como serão daqui 20 anos. Ou alguém é capaz de se desfazer de um exemplar de “Marcelo, Marmelo, Martelo” ou de um disquinho chamado “Procurando Nemo”? Jamais.

Os brinquedos ficam, assim, como tesouros de sonho, o que também é legal. Sabrina vem preservando por meses uma vontade louca de ter bicicleta nova e capacete, a boneca vestida de Mosqueteira ou a fantasia da Mulher Invisível – e se eles chegarem, ela vibrará, como sempre. Os filmes e livros viram tesouros imediatos (e que ela já descobriu, por exemplo, poderem ser adquiridos com dinheiro do porquinho, de acordo com a economia).

Deve ser por isso que, toda vez que pergunto o lugar preferido da Sá, ela responde “a loja de livros” – o que transcende as marcas dos estabelecimentos, porque todas já viraram uma categoria, “loja de livros”. Ela, que não é boba, sabe que lá existem mais tesouros possíveis do que em qualquer loja de brinquedo. E que só lá a Mamãe é mão-aberta.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Comer e comer mais

Eu sou dessas pessoas que não tem tempo ruim com comida. Posso comer com alegria e entusiasmo e rapar o prato no mais chique dos restaurantes (o que só aconteceu uma vez, mas foi uma experiência digna de contar outro dia) ou no maior moquifo do mundo (o que também já aconteceu, mas melhor deixar essa pra lá porque envolve salsichas armazemadas num pote sujo e cerveja em excesso).

Mas o que me move mesmo é a comida do dia-a-dia - aquela na qual a minha mãe é mestra e minha vó era sacerdotisa. Arroz feito na hora; feijão com bastante caldo; carne pouca, mas selecionada; massa feita em casa; legumes com saborzinho de ervas e manteiga; um belo de um ovo estrelando o prato... Essas coisas todas. O caso é que, mesmo parecendo muito simples e corriqueiro, não é lá incrivelmente fácil acertar nessas receitas. Até os chefs que flanam entre lasquinhas de trufa devem ter sua dificuldade em tirar o melhor da rotina.

Pois a minha teoria é que esse tipo de refeição não se aprende no Cordon Bleu, na TV ou na marra. Vem com a idade. O arroz de alguém de 20 anos jamais será o mesmo arroz que aquele feito por alguém de 60. Posso comprar o melhor filé disponível no mercado, mas o bife fininho da Dona Ondina sempre levará o Oscar da Mistura.

Acho que as panelas tortas e lascadas têm algo a ver com isso também, assim como a sabedoria para juntar temperos e a quantidade precisa de água ou molho. É uma questão de vivência.

Ou, vai ver, eu é que sou apenas um bom garfo mesmo. Porque é como disse a Sabrina quando eu perguntei o que ela mais gostava de comer:

- Eu gosto do que fazem pra mim, mãe.

De fato: a melhor comida no mundo é aquela que está no prato de quem sabe apreciar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Posso ver o que você usa para limpar sua privada?

Vocês sabem como são as comadres. Uma vai, a outra vai atrás. Ou isso eram as vacas? Ah, sei lá. O fato é que quando Flá me mostrou este Sócia da Light eu fiquei emocionada. Juro. Do olhinho encher d’água. Quando ela disse que eu era bem-vinda a participar quando quisesse, então... Demorou nada nada e cá estou eu, me enxerindo.

O fato é que há algo que me atormenta na TV ultimamente. Eu quero saber qual a imagem, afinal, que a propaganda faz da dona de casa. Tá certo que as imagens mudam a velocidades vertiginosas nestes tempos de superinformação; ok que ninguém mais compra a ideia de uma mulherzinha de bobs no cabelo, avental e vassoura na mão. Só nós, claro.

Mas por que toda dona de casa tem que ser morena, para começar? Pode ver. As boas mães que protegem seus rebentos contra os insetos e as bactérias, as mulheres responsáveis por tirar as manchas bizarras das camisas da família (quem, meu Deus, quem enfia um morango, uma amora ou coisa que o valha debaixo da gola de uma pólo e espreme?!), até as donas de casa que trabalham fora e, no fim do dia, garantem a refeição da trupe com um bagulho embalado a vácuo numa caixinha: nenhuma é loira.

Vai ver é verdade que os homens preferem as loiras, mas se casam mesmo com as morenas. De preferência, as de cabelos lisos e médios.

(Flá, se tudo der errado, toca fazer propaganda! Você é bem mais espontânea que a mãe do menino que descobre a mancha no uniforme com o ônibus da escola na porta).

Curiosamente, âncoras de telejornais loiras também são exceção. Na Globo, nunca existiram (não me venham com a moça do tempo). Hum. Eu sou loira, mulher, dona de casa e jornalista. Não que meu sonho seja informar à nação que o preço da gasolina vai subir, mas será o momento de procurar um plano B?

(Flá, se tudo der errado, posso ser sua empresária?)

De qualquer forma, acho que é mais fácil descobrir o misterioso porquê da hegemonia castanho-escura entre as mães-donas-de-casa do universo do reclame do que entender que picas se passou pela cabeça da equipe que fez a propaganda de um produto de limpeza de privadas com a Ingrid Guimarães. Não sei se vocês já viram, mas é algo assim:

Ingrid Guimarães, de microfone em punho e cameraman a tiracolo, toca a campainha de uma casa. Moça abre a porta.

- Oi, Julia!

- Oi, Ingrid!

- Posso dar uma olhadinha no que você usa para limpar seu vaso sanitário?

E elas entram na casa da mulher.

Gente, sério. Se eu atendo a campainha e dou de cara com a Ingrid Guimarães e um cameraman, e ela me pergunta se pode ver o que eu uso para limpar a privada da minha casa, seria a situação mais surreal da minha vida. E olha que eu já fui a festivais de reggae, o que considero deveras surreal. Como essa tal Julia encara tudo com tanta naturalidade?

Se isso acontece comigo, eu procuro a câmera da pegadinha ou o microfone do Videoshow. Eu fico 30 segundos tentando entender o que ocasionou uma visita tão surreal. A última coisa que eu faço é sorrir naturalmente, falar “oi, Ingrid!” e deixar ela entrar e ver minha privada.

Mas o que eu sei sobre limpeza da casa? Nada, claro. Afinal, sou apenas mais uma loira.

* * *

Clarissa Passos, minha amiga, irmã e sócia - não da Light, mas do saudoso Garotas que Dizem Ni -, fez hoje essa participação especial indignada contra as propagandas de produtos de limpeza. Aguardem outras participações dela - sempre muito limpinha e asseada, apesar de loira.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Papo de criança

Sabrina e seu amigo Leon sentadinhos no sofá assistindo, com pipocas, o filme d’”A Bela Adormecida”. E aí se desenrola o diálogo mais hilário:

Bruxa Malévola, tendo um ataquezinho histérico e passando geral no povo do reino: “Jogue esse príncipe no calabouço!”

Sasá: Calabouço? Vão jogar o príncipe onde, o que é calabouço?

Leon: É um lugar de prender as pessoas no fundo do castelo. E ninguém pode falar nada lá, tem que ficar de boca fechada... Por isso que chama “cala-bouço”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Minha casa tem alarmes

E não são aqueles severos alarmes contra bandido, não. Eles são muito, muito mais sofisticados:

- Há alarme em todos os meus pratos, pois a cada vez que eu pego em um deles para almoçar ou jantar, soa o telefone. (Jantar no pires pode ser uma ideia, de repente...);

- Tem alarme na fechadura do banheiro, porque bastou eu decidir que é hora de tirar o peso do dia do corpo, um entregador chega, Sasá chora – ou, de novo, o telefone chora – e toca sair feito uma louca, alagando a casa;

- Os telefones, por sinal, também disparam seus alarmes uns contra os outros: se o celular toca e o papo está fluindo, com aqueles instigantes “aí sabe o que foi que aconteceu? Sabe? Sabe?”, trim, o aparelho fixo vai achar de soar sua energia também. Alarme enciumado;

- Aliás, parece haver um alarme também no meu traseiro, já que eu posso passar o dia todo circulando feito um metrô, mas se decidir sentar um minuto no sofá, com um café e um cookie de acompanhamento...

Com certeza os alarmes são acionados aqui e então fazem piscar uma luz em alguma central de comando, onde gente com senso de humor muito peculiar adora curtir com o meu sossego.

Sua casa também tem alarmes ou eu sou uma privilegiada por esse tipo de tecnologia?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Essa tal de Light

Apesar de ser bem conhecida no Sudeste, a expressão que dá nome a esse blog pode não acender nenhuma luzinha pelo resto do país (o que é uma ironia e tanto). Mas é simples explicar.

Lá no século passado, quando eu era criança, todo pai e mãe conhecia esse modo de dizer. Eles sempre estavam nos lembrando que não eram “sócios da Light” (como se a falta de danone na geladeira não nos lembrasse a toda hora que eles eram sócios de coisa alguma, tadinhos...). A Light era, então, a companhia elétrica mais conhecida do país – funcionava, mais precisamente, desde 1899 no Brasil, fornecendo energia aqui pras bandas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Ela se chamava, naqueles tempos, “The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power”. E, com esse nome inglês charmosão, como se percebe ao traduzir, a empresa mandava um bocado nos nossos trens, bondes e tomadas.

A Light fornecia energia, mas como nossos velhos não eram sócios dela (conforme repetido 1 bilhão e 234 mil vezes ao longo de nossas vidas), tinham que pagar pela tal. Daí eles sempre sacarem dessa ao ver que os rebentos largavam as luzes de casa acesas sem ninguém no cômodo – ou a Telefunken falando sem ninguém ouvir, a Brastemp aberta sem ninguém retirar comida dela, etc.

Os tempos passaram, mas a molecada nunca se emendou. Aqui em casa, não raramente é preciso explicar pro pessoal aquilo tudo – que dinheiro não dá em árvore e eu também não sou sócia da Light. A bem da verdade, aqui em São Paulo a corrente elétrica nem é mais fornecida pela companhia. Mas que graça teria dizer “caramba, gente, eu não sou sócia da Eletropaulo!”. O pessoal do Rio é que tem sorte, e ainda pode usar a máxima com verdade, já que por ali a Light ainda toca o bonde. E outros aparelhos.

Mãe, no entanto, é assim mesmo: mais vale uma expressão de efeito do que a veracidade dela. E eu seguirei com o meu bordão, conforme a tradição familiar manda, pra ver se algum dia essa turma se emenda e mete na cabeça que mamãe não é sócia da Light – assim como não eram nossos avós e bisavós.

* * *

UPDATE: Eu não sou de fato sócia da Light, assim, no papel. Nem da Light, nem da Eletropaulo, da Cemig, de Itaipu ou do Ministério das Minas e Energia. O que, desde ontem, parece ser uma boa ideia! Aposto que em 1899 esse tipo de chacota não acontecia... Mas obrigada, autoridades! O banho frio de ontem - e todas as palavras bonitas que eu disse enquanto o tomava - eu dedico a vocês!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Matou a mamãe e pegou o volante

Nós, voltando da escola, naqueles papos metafísicos, esotéricos e filosóficos que só eu e Sabrina sabemos desenvolver:

- Mãe, é difícil dirigir, né?
- Nem tanto Sá... É difícil, mas quando a gente cresce e treina bastante, começa a ficar fácil.
- Então me ensina?
- Não dá, amor. Só gente grande pode dirigir. Precisa ter 18 anos pra dirigir carro.
- ...
- Tudo bem?
- Tudo... Mãe, quando eu tiver 18 anos, você já vai ter morrido?
- Nossa, acho que não, Sá! Tomara que não...
- É, tomara que não... Mas se você já tiver morrido quanto eu tiver 18 anos, aí eu podia dirigir o carro.
- ...

Eu não levei a mal. Acho que ela estava só tentando mostrar independência. De um jeito meio Richthofen, sim, mas sem maldade... espero.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vai, fala na cara!

Abaixo os murros de punho fechado na parede, as cutucadas com vassoura no teto, os pulos insanos no chão pra ver se o fulano do andar inferior se toca e abaixa o volume dos gritos futebolísticos. O melhor, com vizinho incômodo, é falar na cara. Sério mesmo.

Minha experiência me diz que toda a fanfarra para “demonstrar descontentamento” não dá em nada. No máximo, deve resultar em uma risadinha de canto de boca do humano barulhento. Mas até parece que a maioria das pessoas vai ouvir os batuques de aviso e pensar “ui, acho que exagerei, melhor cessar com os sons tão bruscos que obviamente estão atormentando meu nobre vizinho”. Mais fácil o Nicolas Cage fazer um filme bom.

Mas há, sim, um jeito infalível de mostrar seu repúdio aos vizinhos, digamos, sonoramente expansivos. Vai lá e reclama. Isso aí, deixa a vergonha de lado! Vergonha, na minha opinião, devia ter a moça vizinha ao meu antigo apartamento, que mal acordava de manhã e já estava com o CD do Roxette a toda...

Numa boa: falar na cara não tem contra indicações. Basta não chegar berrando, botando o dedo da cara ou chamando de inútil, o resultado só tende a ser bom. Um antigo vizinho aqui de baixo, por exemplo, tinha a mania super ananaíra de tocar violão na sacada. Era meio chato quando ele ficava fazendo isso a) até 3 da manhã; b) com partitura do Legião; c) com toda sua turma de 25 amigos incentivando a atividade.

Aí eu passei a fase de xingar internamente, a fase de bater o calcanhar no piso, a fase de planejar ataques ninjas à sacada dele com um balde de piche, milho e pombos. Passei, então, à fase civilizada. Era cerca de 1h15, Dono da Casa em viagem de trabalho, Sabrina morrendo de chorar por estar com sono, mas sem meios de dormir com a serenata de Raul Seixas. Pois foi fácil decidir.

Pijama bonitinho no corpo, chinelo de tia no pé, Sabrina no colo, desci as escadas e sentei o polegar no botão da campainha. André, o menino, atendeu. André levou uns dois segundos pensando “se ela disser que o bebê é meu, nego até a morte”. Aí realizou quem eu era. Com muito jeito, eu disse “boa noite” pra ele e completei: “André, a Sabrina precisa muito dormir, mas não consegue com a música, aí ela quis vir aqui pra te dizer isso”. Ele riu. Depois parou de rir e nunca mais tocou na sacada, tão alto e com 25 amigos.

Falar na cara é sempre melhor do que se indignar sozinho. O punho dói menos devido à economia de murros na parede – e a cara de pastel dos barulhentos é digna de foto.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Me dá um exemplo?

Quando a gente afinal tem um filho, uma coisa que parecia mito se mostra bem verdade: exemplo é tudo. Havia lá o tempo em que a mãe dizia "não dá mau exemplo pro menino!", ao mesmo tempo em que cutucava o pai mandando o cara parar de roer as unhas e cuspir. E aí a gente, que costumava achar isso a maior conversa fiada, repara que é sério mesmo. Exemplo conta.

Pois eu vou dizer que atentei bem cedo pra essa coisa do exemplo com a Sabrina - o que, infelizmente, não significa que seja fácil estar sempre alerta feito uma escoteira dos bons modos. É fogo dizer que ela precisa comer tudo o que está no prato, quando eu mesma tenho ânsia de certos legumes, cortes de carne e da mistura de doce com salgado.

Aderi à academia de ginástica pra mostrar à Sasá que exercício é muito importante. Ela começou a reclamar que a capoeira é muito difícil, eu corri fazer musculação pra demonstrar a enorme satisfação que há no cansaço e no suor! O que, na realidade, eu acho um porre sem parâmetros.

Ainda abro a geladeira e mamo, no bico da garrafa, o restinho de suco - às escondidas, pra Sabrina não tomar o exemplo bem nojento. Ainda vejo TV até 1h00 da madrugada, mas não conto pra ela jamais (e, pra todos os efeitos, eu durmo às 20h15!). Ainda contenho os palavrões (ou tento), preferindo o "idiota de M!" pra xingar o sujeito que fecha nosso carro. E se ela pergunta o que é "idiota de M", eu invento que é um jeito de chamar quem dirige carro azul.

Dar exemplo é, pra ser sincera, um belo saco. Mas os pequeninos são feitos à nossa semelhança, não tem como deixar de notar. E vai se fazer o quê? Eu não quero, um belo dia, ser pega em contradição por uma pirralha com dedo em riste dizendo "mas você lambe o dedo pra virar a pégina!". Comigo não. Exemplo é tudo. E agora dê licença, que eu preciso ir correr na esteira da academia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Na minha casa mando eu!

Era assim que os nossos pais finalizavam qualquer polêmica da rotina caseira, lembram? Bom, era assim que o MEU pai finalizava a coisa quase sempre. Debaixo daquele teto familiar, não tinha muito espaço para desenvolver uma longa argumentação libertária - era a casa do homem mesmo, eu ia dizer o quê?

Lá se vão mais de 30 anos desde a minha infância, e o esquema mudou um pouco de figura. Aqui na minha casa, um apê aconchegante e simpático de bairro paulistano moderninho, mando eu; manda também o Dono da Casa (principalmente com relação às plantas, os consertos elétricos e as férias); manda a Sabrina, que do alto de seus 4 anos sabe se espalhar muito bem. Às vezes também manda a companhia de luz, que corta a energia durante o temporal; Manda o dono do Fusca, que deixa o alarme urrando enquanto a gente preferia dormir; Manda o som do vizinho, modulado para parecer uma fanfarra do mal.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo. E escuta (ou lê) quem tem vontade. Pois então, se você gosta de ouvir falar do cotidiano normal da vida, desses laços de família, de ser mãe, ser filho(a), ser irmão, ser parente enfim, pagar contas, limpar a geladeira, disputar o controle da TV, separar roupa branca de colorida, fazer sopa, torta e pastel, organizar a mochila da escola, lembrar do passado e planejar o futuro, vem visitar sempre essa casa de família aqui, tá bem?

Arruma um lugar pra sentar e não repara a bagunça. Aceita um cafezinho?